Desde a tornozeleira em Bolsonaro o país vive incertezas diplomáticas com os EUA
A recente escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, que tem como pano de fundo embates políticos internos brasileiros e a atuação de figuras proeminentes como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, começa a desenhar um cenário de preocupação para o setor tecnológico brasileiro.
O que antes parecia uma disputa retórica, agora se materializa em ameaças concretas de sanções que podem ir muito além das esferas política e econômica, atingindo diretamente a infraestrutura tecnológica do país.
A tensão se intensificou com as decisões do STF, em particular as do ministro Alexandre de Moraes, assim como os posicionamentos do ministro José Roberto Barroso, que resultaram em medidas restritivas contra o ex-presidente Bolsonaro.
A revogação de vistos de entrada nos EUA para determinados ministros do STF e a possibilidade de aplicação da Lei Magnitsky, que prevê o bloqueio de bens e de contas bancárias em solo americano para indivíduos considerados violadores de direitos humanos e censura, sinalizam a seriedade com que Washington observa os acontecimentos no Brasil.
Bloqueio de GPS e Satélites
Entre as sanções tecnológicas mais alarmantes que vêm sendo cogitadas, o bloqueio do sistema de geolocalização por satélite (GPS) em território brasileiro desponta como uma das mais impactantes.
Embora especialistas apontem a complexidade técnica de uma desativação regional completa, a simples ameaça já gera apreensão.
Um bloqueio, mesmo que parcial ou intermitente, teria consequências devastadoras para diversos setores, incluindo a logística de transporte, a agricultura de precisão, que depende fortemente de sistemas de posicionamento para otimizar o plantio e a colheita, e até mesmo operações militares e de segurança que utilizam essa tecnologia.
No entanto, o impacto mais crítico pode ser sentido no setor de comunicações, especialmente na internet via satélite.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde a infraestrutura terrestre de internet ainda é limitada em muitas regiões remotas, a conexão via satélite é vital.
Escolas, hospitais, comunidades isoladas e, crucialmente, grandes instituições financeiras dependem dessa tecnologia para operar.
O maior banco do Brasil, por exemplo, utiliza amplamente a internet via satélite para garantir a conectividade de suas agências em locais de difícil acesso, processar transações e manter a comunicação com sua rede.
Uma interrupção ou degradação desse serviço poderia paralisar operações bancárias essenciais, afetando milhões de cidadãos e a estabilidade econômica do país.
Além do GPS e da internet via satélite, outras restrições ao acesso a sistemas de satélites e equipamentos de alta tecnologia estão em avaliação.
Isso poderia afetar desde a comunicação via satélite, essencial para regiões remotas do Brasil, até o acesso a componentes e softwares cruciais para o desenvolvimento e manutenção de infraestruturas tecnológicas no país.
A dependência brasileira de tecnologias estrangeiras, especialmente as americanas, torna o país vulnerável a esse tipo de retaliação.
Aumento de 50% nas tarifas de exportação
Paralelamente às sanções tecnológicas diretas, o aumento das tarifas de exportação imposto pelos EUA representa um duro golpe para a economia brasileira, com reflexos indiretos no setor de tecnologia.
Com tarifas que podem chegar a 50% ou até 100% sobre produtos brasileiros, a competitividade das exportações é drasticamente reduzida.
Setores como o agronegócio, siderurgia e manufaturados, que representam uma parcela significativa das exportações para os EUA, seriam os mais afetados.
A perda de bilhões de dólares em receita de exportação impactaria diretamente a capacidade de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica no Brasil.
Empresas brasileiras que dependem da exportação para o mercado americano para financiar suas operações e expandir seus negócios poderiam enfrentar sérias dificuldades.
Dependência tecnológica
A crise atual expõe a fragilidade da dependência tecnológica brasileira e a urgência de se investir em soberania digital.
O Brasil se encontra em uma encruzilhada. A forma como o governo brasileiro e as instituições responderão a essas pressões e ameaças definirá não apenas o futuro das relações bilaterais com os Estados Unidos, mas também o ritmo e a direção do desenvolvimento tecnológico do país.
A fumaça da crise política pode, em breve, obscurecer o horizonte da inovação e do progresso tecnológico brasileiro, a menos que medidas assertivas sejam tomadas para mitigar os riscos e fortalecer a resiliência tecnológica nacional.
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