Estratégias para lidar com o Google Discover

Especialistas debatem estratégias para lidar com a volatilidade do Google Discover

Estratégias para lidar com o Google Discover


Ítalo Ridney, do Metrópoles, revela como publishers podem se adaptar às mudanças constantes do algoritmo

O Google Discover se consolidou como uma das maiores fontes de tráfego para publishers e também como um dos seus maiores enigmas. Com mudanças constantes de algoritmo e oscilações bruscas de audiência, entender como navegar nesse cenário é hoje um desafio estratégico para veículos de comunicação.

Para discutir caminhos e soluções práticas, a PremiumAds promoveu um webinar mediado por Riadis Dornelles, CEO Latam da empresa, que recebeu Ítalo Ridney, Chief Technology Officer do portal Metrópoles. Com mais de 15 anos de experiência em arquitetura de sistemas, escalabilidade e monetização, Ítalo abriu os bastidores da operação tecnológica de um dos maiores veículos do país.

Segundo ele, a confiança em qualquer fonte de tráfego depende de três pilares: consistência, controle e transparência. “Para ser previsível e estável, é preciso que a entrada de tráfego seja constante, que o publisher tenha influência sobre sua manutenção e crescimento, e que exista clareza sobre os sinais que impactam a performance”, explicou.

No comparativo entre canais, o especialista destacou que tráfego direto, newsletters, notificações push e até mesmo SEO orgânico oferecem maior previsibilidade, justamente por estarem sob maior domínio do publisher ou sustentados em boas práticas documentadas. Já as redes sociais, embora sujeitas a algoritmos, permitem diversificação entre plataformas. O Discover, por outro lado, segue em uma categoria distinta.

“É uma fonte em que não temos controle. Mudanças bruscas de algoritmo podem reduzir em poucos dias o alcance de conteúdos que antes representavam até 60% da audiência de um portal”, afirmou Ítalo.

Diante desse cenário, a recomendação é usar dados internos como ferramenta de adaptação. “O que podemos controlar são as informações. Quando há queda, é preciso identificar quais conteúdos seguem funcionando no curto e no longo prazo. Esse diagnóstico estratégico ajuda a recuperar a audiência”, completou.



O especialista também lembrou que até engenheiros da própria Google, como John Miller, já destacaram que indicadores como o Core Web Vitals não garantem mais audiência. “Essas métricas não aumentam necessariamente o alcance, mas ajudam a reter usuários, porque estão ligadas à usabilidade e à experiência de navegação”, disse.

Para Ítalo, o maior desafio é lidar com a volatilidade do Discover. “Nem tudo cai ao mesmo tempo. Muitas vezes, o que perde relevância é justamente o conteúdo que mais gera tráfego. Isso passa a sensação de perda total, mas, na prática, sempre existem temas que continuam performando ou até ganham espaço”.

Os impactos do AI Mode do Google, recurso que ainda está em fase de testes, mas que já preocupa os publishers por alterar diretamente a dinâmica de audiência, também entrou em pauta. “Esse modo funciona como um supermercado de resumos de notícias. O usuário recebe a informação de forma condensada sem precisar acessar o site. Para nós, isso é péssimo, porque reduz o CTR, as impressões publicitárias e até a recirculação de conteúdo, que é quando o leitor acessa uma notícia e acaba consumindo outras relacionadas”, afirmou.

Muitas vezes o resumo é tão extenso que ocupa toda a tela e esconde os links originais. Isso pode reduzir em até quatro vezes a taxa de pageviews por usuário. O Google fala em novos formatos de exposição, mas, por enquanto, a entrega é feita nesse padrão resumido, sobre o qual não é possível ter nenhum controle.

Na avaliação de Riadis Dornelles, o evento cumpriu sua proposta ao oferecer insights práticos e discussões estratégicas sobre o futuro do tráfego digital. “O Discover é um tema essencial para publishers, profissionais de SEO, jornalistas e todos que atuam no ecossistema de mídia digital”, destacou.

 

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